Mudanças climáticas

 A estequiometria do CO2 e o efeito estufa

 

    O carvão e o petróleo fornecem os combustí­veis que utilizamos para gerar eletricidade e ativar nosso maquinário industrial. Esses combustíveis são constituídos principalmente de hidrocarbonetos (compostos formados pelos elementos carbono e hidrogênio) e outras substâncias que contêm carbono. A combustão de 1,00 g de C4H10 produz 3,03 g de CO2. Similarmente, 3,78 L de gasolina (densidade = 0,70 g/mL e composição aproximada C8H18) produzem cerca de 8 kg de CO2. A queima desses combustíveis libera cerca de 20 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera anualmente.

 

    Parte do C02 é absorvida pelos oceanos ou uti­lizada por plantas na fotossíntese. Mas atualmente estamos produzindo CO2 muito mais rapidamente do que ele tem sido absorvido. Químicos têm moni­torado as concentrações de CO2 atmosférico desde 1958. A análise do ar confinado no gelo da Antártida e Groenlândia possibilita determinar os níveis atmos­féricos de CO2 durante os últimos 160 mil anos. Essas medições revelam que o nível de CO2 permaneceu razoavelmente constante desde o último Período Glacial, cerca de 10 mil anos atrás, até aproxima­damente o início da Revolução Industrial, cerca de 300 anos atrás. Desde então, a concentração de CO2 aumentou por volta de 25% (veja o gráfico).

 

 

 

 

 

A concentração de CO2 atmosférico aumentou nos últimos 140 anos. Dados anteriores a 1958 são oriundos de análises do ar confinado em bolhas de gelo glacial. A concentração em ppm (ordenada) é o número de mléculas de CO2 por milhão de moléculas de ar.

 

    Apesar de o CO2 ser um componente secun­dário da atmosfera, ele tem um papel importante porque absorve calor radiante, agindo como o vidro de uma estufa. Por essa razão, comumente nos referimos ao CO2 e a outros gases retentores de calor como gases estufa, e chamamos o calor causado por eles de efeito estufa. Alguns cientistas acreditam que o acúmulo de CO2 e outros gases retentores de calor começou a alterar o clima de nosso planeta. Outros sugerem que os fatores que afetam o clima são complexos e não inteiramente compreendidos.

 

Algumas constatações sobre alterações climáticas

 

    As fotos abaixo mostram o Monte Kilimanjaro (o mais alto da África) em diferentes anos, porém todas tiradas no mesmo mês. Elas tornam evidente que estão ocorrendo mudanças dramáticas e radicais no nosso planeta.

 

Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, em 1970.                                     Monte Kilimanjaro, em 2000.

 

O que foi decidido recentemente sobre o controle das emissões de CO2

 "Terminou oficialmente [no dia] 19 de dezembro de 2009, a 15a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [a COP 15], que teve como principal resultado o ‘Acordo de Copenhague’, elaborado por alguns países [...] e formalmente aceito pela ONU. [...]

 

    Segundo o jornal dinamarquês Berlingske, o presidente da COP15, o primeiro-ministro dinamarquês Lars LØkke Rasmussen, está satisfeito com o desfecho. ‘Temos conseguido resultados. Agora, as nações terão que assinar o acordo e, se o fizerem, o que foi acordado terá efeito imediato’, destacou. [...]

 

    De acordo com o texto, os países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões, nos próximos três anos, para um fundo de luta contra o aquecimento global. [...]

 

O documento diz ainda que os países desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050. Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sugere uma redução entre 25% e 40% até 2020.

 

    Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do IPCC, Suzana Kahn, o resultado da COP15 foi decepcionante, uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão económica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos das mudanças climáticas.

 

    ‘Existem muitos países africanos, por exemplo, que irão sofrer demais com o aumento da temperatura. No entanto, parece que a discussão tomou um viés económico e político, o que eu acho muito preocupante. A questão climática ultrapassa a fronteira ambiental. É uma questão de desenvolvimento, de justiça, de equidade’, afirmou Suzana Kahn.

 

Principais pontos do Acordo de Copenhague

 

• O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta pede que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano.

• Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius, porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta.

• Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, DE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões.

• O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar 'informações nacionais' sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de ‘consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos’.

• O texto diz: ‘Os países desenvolvidos deverão promover de maneira adequada (...) re­cursos financeiros, tecnologia e capacitação para que se implemente a adaptação dos países em desenvolvimento’.

• Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil.

• O acordo ‘reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas pelo desmata-mento e degradação das florestas’ e concorda em promover ‘incentivos positivos’ para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido.

• Mercado de Carbono: ‘Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as oportunidades de usar os mercados para melhorar a relação custo-rendimento e para promover ações de mitigação’.

 

Fonte do texto: Plurale. Especial COP 15, dezembro, 2009. Disponível em: . Acesso em: 25 fev. 2010.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Supondo que 30% do CO2 emitido por ano seja proveniente da queima da gasolina (C8H18), determine o volume de gasolina utilizado por ano.

 

2. O que significa chegar a um consenso sobre o novo acordo climático para complementar o Protocolo de Kyoto depois de 2012.

 

3. Pesquise o que são créditos de carbono.

 

4. Pesquise quais são os países mais poluidores do mundo e elabore um ranking dos 10 países mais poluidores. De quais países depende o sucesso da COP 15? Esses países vêm diminuindo suas emissões nos últimos anos?

 

5. Qual a posição do Brasil no ranking de emissores de dióxido de carbono? Sendo o Brasil um país em desenvolvimento, qual o seu papel na nego­ciação?

 

Download do texto: mudanças climáticas.doc (70 kB)